Ampulheta : se me entendesses

Se tu me entendesses, saberias que custou, não só o adeus, como também não ter podido abrir mão dele nem evita-lo. Se me conhecesses como eu achava, não tinha sido surpresa a forma como a minha memória te guardou até aquela manhã.
Eu não te culpo, era como tentar fazer um castelo de areia no meio de uma tempestade no deserto, pura e simplesmente o mundo não nos deixava em paz e nós estávamos demasiado embrenhados nele.
Foi a nossa segunda, terceira.. décima oitava oportunidade, e nada, como esperar que o Sporting seja campeão. O nosso forte era fazer amor, sexo, agora o resultar, bem, isso era para os casais medíocres. Era o drama, o caos, o cheiro a morte e sangue e a constante "ressurreição", o clima de guerra seguido pelas manhãs de domingo na cama que alimentavam a nossa relação condenada ao fracasso, eram essas pequenas coisas que nos tornavam perfeitos e faziam inveja aos outros.
Agora, não faço ideia de onde estás, nem sequer em que hemisfério, mas verdade, seja dita, acho que se não tivesses ido embora de vez, talvez eu não tivesse seguido em frente.
Quero muito agradecer-te, por tudo o que passámos juntos, foram provavelmente os melhores meses da minha vida, ensinaste-me que fazer amor é melhor que sexo, que os amores de Verão, são apenas para a praia, conseguem-se as coisas com esforço, nunca se desiste, como fazer Saké, jogos de bebida, e que apenas se abre mão de algo quando sabemos que não vale o esforço, porque como dizia Sir Arthur Conan Doyle "Eliminando o impossível, o que restar, por muito improvável que pareça, tem de ser a verdade", tudo o resto pode acontecer.
Obrigado principalmente por me teres partido o coração, se não fosse isso não tinha composto musicas, escrito letras, poemas, prosas e muito menos te teria esquecido, preso ao passado.
Espero que tenhas o suficiente, que passes pelo suficiente, aprendas o suficiente para que sejas um dia tão ou mais feliz que eu. Amo-te como à minha irmã, escrevo-te sinceramente e de coração aberto

Pedro